Por muito tempo eu
achei que uma das maiores dores que eu havia sentido era a dor da espera! Desde
muito nova, cursando o ensino médio, via minhas amigas de 15 e 16 anos
namorando, e eu não conseguia me firmar com ninguém. Tentei melhorar a minha
aparência, deixei o cabelo crescer, usei aparelho, comecei a andar com roupas
mais transadas, melhorei meu nível cultural, comecei a frequentar as boas
baladas da noite uberlandense, onde eu morei até poucos anos atrás. Com isso,
minha auto estima melhorou e, de fato, consegui atrair muitos rapazes legais, bonitos,
universitários, formados. E, por um momento, todo esse brilho foi muito bom,
sair, viajar, conhecer gente nova, “ficar”. Mas chegou um dia, que aquela dor
da solidão voltou a doer. Havia tido poucos namorados, muitos não gostavam do
meu jeito de namorar, quando eu avisava que gostaria de me casar antes de me
entregar para meu amado, daí começavam as críticas e a zombaria. Muitos não me
quiseram por me acharem “santinha” demais, outros, por não entenderem a minha
opção em querer me manter virgem até o casamento; enfim, fui tachada como louca
por muitos! Quanta dor, queridos leitores! Quanta dor havia em mim por não
conseguir uma pessoa que me amasse do jeito que eu era, com as convicções de
amor que eu tinha e sonhava. Foi daí que entendi, quando um dia partilhei essa
dor que havia em mim com o meu Diretor Espiritual da época, Frei Flávio, falei
para ele do quanto me doía a espera do
meu “eleito”, da minha “metade” do meu “José”.Nunca vou esquecer as sábias
palavras do meu querido Frei Flávio, “Santinha,
se a sua vocação é o Matrimônio, Deus se encarregará de trazer a você o
complemento desta vocação; a você cabe esperar e se preparar como pessoa, como
mulher, para recebê-lo”. Que conforto ao ouvir isto! Comecei então a rezar
pela minha vocação, este foi o meu primeiro passo. Fiz Acompanhamento Vocacional
com as Irmãs Vicentinas de Araguari- MG. Em pouco tempo, tive certeza que minha
vocação era mesmo me casar, com isso houve um segundo passo: comecei a rezar e pedir
para Deus o meu eleito, rezava também por ele, mesmo não o conhecendo ainda,
mas sabia que ele estava no coração do Pai, sendo trabalhado para mim, como eu
estava sendo para ele. Quantas vezes eu olhava para o céu, contemplava as
estrelas e me imaginava do lado dele contemplando juntos! Eu o amava, o sentia,
antes de saber quem ele era. Para muitos isto foi loucura, mas para mim isto é
fé! Segui o conselho do Frei, busquei a minha vocação e resolvi esperar e me
preparar para a chegada do meu “José”. Sempre na oração do terço, pedia a Nossa
Senhora, a graça de ser uma boa esposa, e ela me ensinou. Já estava com 23
anos, não tinha aptidão nenhuma para dona de casa, foi quando comecei a
aprender a cozinhar, a lavar roupas, a comandar uma casa. A minha espera tomou
outra dimensão, saíu do ambito da dor e passou para o ambito do sonhos! Comecei
a esperar do jeito certo! Sonhava com as músicas, cerimônia, festas e o vestido
do meu casamento.Um dia, lendo o livro
do Juninho: “Homens e Mulheres de Fogo”, sem nunca imaginar que seria
missionária da Missão Ide, uma frase dele me tocou muito e direcionou mais
ainda a minha espera; esta frase dizia: “A
unção tem um preço. Temos vendido nossa unção muito barato, queremos arrancar mel
da boca do diabo para satisfazer os pecados da carne, queremos andar de mãos
dadas com o mundo”. Nesta época eu era muito norturna, gostava de festas,
saia de segunda a segunda e, após a leitura desse trecho, senti que Deus me
convidava a me santificar, e pude ouvir a sua voz me pedindo isto. E percebi
que o meu eleito viria até mim, não havia necessidade de nenhuma “ajudinha” de
minha parte. A partir dali, comecei então a cortar aquilo que me roubava os
sonhos, que eram as minhas saídas para bares e danceterias, onde eu acabava por
conhecer alguém e me interessava, e acabava confusa, achando que poderia ser
ele o eleito. Foi o maior sacrificio que fiz, parei de sair, fiquei
frequentando lugares como festinhas em casas de amigos, cinemas e comecei a
servir mais na Igreja. Fiquei um ano assim. No final de dezembro fui passar o
natal na casa de um casal amigo, Dimitri e Renata, foi quando reencontrei o
Andrei, por ser ele irmão do Dimitri, eu já o havia conhecido há tempos atrás,
mas nunca imaginei nada. Quando o vi, meu coração bateu mais forte, minha
respiração acelerou, a barriga esfriou, e percebi que algo muito diferente
estava acontecendo comigo. Foi quando eu ouvi nitidamente, uma voz que veio do
mais profundo do meu ser, que me dizia:
“Este é o homem que tenho para sua vida!”. Quase morri de susto! Mas acreditei,
e uma paz deliciosa invadiu o meu coração. A apartir dali, começamos a
conversar e percebi que ele também nutriu algo por mim. Nesta época ele morava
em Araçatuba-SP, onde fazia a faculdade de Odontologia. Nos dias de natal
pudemos convesar muito sobre os nossos sonhos, anseios, e desejos futuros.
Fiquei encantada com a afinidade que tivemos. Tudo que eu havia pedido a Deus,
ele possuía. No dia 03 de janeiro de 2001, ele me pediu em namoro, demos o
nosso primeiro beijo, e namoramos a distância durante todo este ano, nos
encontrávamos uma vez por mês, quando era possível. No dia 04 de maio de 2002,
ficamos noivo, e no dia 17 de maio de 2003, às 10:30 hs da manhã, nos unimos em
Matrimônio no Santuário de São Judas Tadeu, em Uberlândia-MG, na presença de
nossos familiares, padrinhos, amigos e dos queridos sacerdotes: Frei Flávio,
Padre José Anchieta e Padre João. Amados irmãos, nosso casamento foi do jeito
que haviamos sonhado. Tudo se realizou melhor do que havíamos esperado! Todos
que foram puderam testemunhar que a graça da promessa cumprida estava sobre
aquele momento! Posso testemunhar para você hoje, siga este conselho bíblico: “Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos
do teu coração, Ele atenderá”(Salmo 36,4). E não se esqueça que nosso amado
Jesus nos promete: “Qualquer coisa que me
pedirdes em meu nome, vô-lo farei” - João 14,4; até um namorado ou namorada! Nem
sempre casamos com o nosso primeiro namorado, mas de todos os namoros que eu
tive, colhi uma lição; em todas essas vivências houve uma preparação que me amadureceu
para aquele que me levou ao Altar do Senhor: Andrei Barêa. Hoje estamos com 09
anos de casados, o Andrei além de meu esposo é meu melhor amigo, cumplice, que
me ama do jeito que sou, que me ajuda a melhorar naquilo que posso, que se doa
para mim com gratuidade, e me faz ser recíproca! É de fato o vinho, que a cada
ano que passa, fica mais saboroso. Passamos muitas dificuldades, mas tiramos
disto aprendizados que nos ensinou a nos descobrirmos como pessoas e como
cristãos. Hoje somos missionários da Missão Ide e estamos em missão na cidade
de Rondonópolis-MT. Sou Assistente Social e ele Odontólogo, não temos filhos,
mas como me disse um dia, uma grande mulher, Fátima Simamotto, que foi
Coordenadora da RCC de Uberlândia-MG, com toda sua sabedoria e maturidade: “Dani e Andrei, vejo que Deus irá derramar
uma fecundidade especial em vocês, creio que se não for filhos poderá ser um
fecundo ministério de evangelização!”. E assim foi, hoje como missionários,
geramos filhos espirituais, e somos felizes assim! Geramos filhos para Deus,
até que se for da vontade Dele, nos conceda um! Creiam queridos, esse provérbio
é real: “A casa e os bens vem dos pais,
mas do coração de Deus o esposo prudente” Prov 19,14. Somos testemunhas
disto! Deus abençoe a sua espera, e se está demorando, acredite: Deus tem bom
gosto!
Um abraço avivalista,
Daniela Barêa